Você já se perguntou até onde uma mentira pode te levar? Em Anna, acompanhamos a história de uma mulher (Suzy) que, ao contar uma pequena mentira, acaba se envolvendo em uma teia de enganos enquanto vive a vida glamourosa de outra pessoa — até que tudo começa a ficar perigoso.
Personagens principais e suas complexidades
Suzy interpreta Lee Yu Mi/Lee Anna. Depois de passar por momentos difíceis, ela conta uma mentira que desencadeia uma série de outras mentiras. Essa escolha a tira de uma vida de dificuldades para uma de riqueza, mas as complicações não param por aí.
Jung Eun Chae vive Lee Hyun Joo, uma mulher rica para quem Anna trabalha e cuja identidade acaba sendo roubada por ela.
Park Ye Young interpreta Han Ji Won, amiga de Anna na faculdade que se torna repórter.
Uma trama lenta, sombria e cheia de tensão
Eu decidi assistir Anna porque sou fã da Suzy. Sabia que não era o tipo de drama que costumo acompanhar, e realmente não é. Ainda assim, gostei bastante, mesmo não sendo meu estilo preferido.
O drama é melancólico e sombrio, com uma construção lenta da tensão. Vemos as dificuldades da vida de Yu Mi na infância e adolescência, e como uma mentira muda completamente seu destino.
De uma vida de pobreza, ela passa para uma de riqueza e privilégio ao assumir a identidade de Anna. Mas, para manter essa nova vida, precisa inventar cada vez mais mentiras.
A narrativa é lenta, com cenas que se desenrolam devagar, o que pode parecer arrastado em alguns momentos, mas é justamente isso que cria a tensão crescente. É desconfortável ver Anna mentir constantemente e se enredar em situações complicadas — e a gente sabe que isso vai acabar explodindo.
Suspense e atuação que seguram o drama
O suspense aumenta nos episódios finais, quando as mentiras de Anna começam a desencadear problemas que afetam até o país inteiro.
Para mim, Suzy é o coração desse drama. A história gira quase que exclusivamente em torno da personagem Anna, e Suzy domina a tela com uma atuação sutil e cheia de nuances, especialmente considerando o desafio que é interpretar uma personagem tão complexa.
Assisti à versão do diretor, que tem 8 episódios, diferente da versão principal com 6. Recomendo a versão mais longa, pois, apesar do ritmo lento, a história fica mais clara e completa. Muitos fãs acharam a versão principal confusa e incompleta.
No geral, Anna é uma boa pedida. Mesmo não sendo meu gênero favorito, o drama tem elementos interessantes que me prenderam, e a performance da Suzy vale muito a pena.
Temas profundos por trás da trama
Além do suspense e do drama psicológico, Anna aborda temas que vão muito além da simples mentira. A série nos faz refletir sobre identidade, autoestima e até mesmo as consequências sociais das desigualdades econômicas. Yu Mi, ao assumir a vida de Anna, não está apenas mentindo — ela está tentando escapar de um sistema que a oprime, o que gera uma empatia complexa no espectador.
Essa dualidade entre vítima e vilã é explorada com maestria, especialmente pela forma como o roteiro não tenta justificar as ações da protagonista, mas também não a condena de forma simplista. É um retrato realista de como as pessoas podem se perder em suas próprias escolhas quando pressionadas por circunstâncias extremas.
Outro ponto interessante é a crítica social implícita, que aparece nas cenas que mostram o contraste entre as vidas de Yu Mi e Anna. A série não precisa de grandes discursos para mostrar como a disparidade social pode influenciar decisões e comportamentos, e isso dá um peso extra para a narrativa.
Direção, fotografia e trilha sonora: criando a atmosfera perfeita
A direção de Anna é um dos pontos que mais chama atenção. O uso de luz e sombra, por exemplo, reforça o clima de mistério e tensão constante. Muitas cenas são filmadas com uma paleta de cores frias, que ajudam a transmitir a sensação de isolamento e perigo iminente.
Além disso, a fotografia trabalha muito bem os detalhes, como close-ups nos olhos da Suzy, que revelam toda a angústia e conflito interno da personagem. É um trabalho que exige atenção do espectador, pois cada enquadramento tem um propósito narrativo.
A trilha sonora, por sua vez, é discreta, mas eficaz. Ela não invade as cenas, mas aparece nos momentos certos para aumentar a emoção ou o suspense. A música tema, em especial, tem uma melodia melancólica que fica na cabeça e ajuda a criar uma conexão emocional com a história.
Comparações com outros dramas do gênero
Se você já assistiu a dramas como Sky Castle ou Mine, vai perceber que Anna compartilha algumas características, como a crítica social e o foco em personagens femininas complexas. No entanto, Anna é mais contida e menos exagerada em suas cenas dramáticas, o que pode agradar quem prefere um ritmo mais realista.
Por outro lado, fãs de thrillers psicológicos podem sentir falta de um ritmo mais acelerado ou de reviravoltas mais impactantes. A série aposta mais na construção gradual da tensão do que em choques repentinos, o que é uma escolha que divide opiniões.
Vale destacar também que a atuação da Suzy é um diferencial importante. Enquanto em outros dramas o elenco pode ser mais coral, aqui a protagonista carrega quase toda a carga emocional, o que exige muito da atriz e, felizmente, ela corresponde bem.
Curiosidades e bastidores
Sabia que Suzy passou por um treinamento intenso para interpretar Anna? Ela estudou não apenas a psicologia da personagem, mas também detalhes como postura e linguagem corporal para diferenciar Yu Mi da persona que ela assume.
Além disso, as locações escolhidas para as cenas de luxo foram cuidadosamente selecionadas para refletir o contraste entre os dois mundos da protagonista. Isso ajuda a criar uma imersão maior para o público, que sente na pele essa divisão social.
Outro fato interessante é que o roteiro original tinha um final diferente, mas foi alterado após feedback dos primeiros episódios. Essa mudança deixou a história mais aberta, o que pode explicar a sensação de que o drama não fecha todas as pontas — algo que pode ser frustrante para alguns, mas também deixa espaço para interpretações.
O que esperar dos próximos episódios?
Embora a versão do diretor já tenha sido lançada, muitos fãs ainda especulam sobre possíveis continuações ou spin-offs, especialmente por causa do final aberto. A complexidade da personagem Anna e as consequências de suas ações deixam várias possibilidades para explorar.
Será que veremos mais sobre o impacto das mentiras dela na vida das pessoas ao redor? Ou talvez um foco maior em personagens secundários, como Han Ji Won, que tem seu próprio arco interessante como repórter investigativa?
Enquanto isso, fica a expectativa para que Anna inspire outras produções que misturem drama psicológico com crítica social, mostrando que o K-drama pode ir muito além dos clichês e entregar histórias densas e provocativas.
Com informações do: kdramakisses
