Uma mistura explosiva de K-pop e caçadores de demônios
Você já imaginou um musical de ação onde idols enfrentam demônios com suas vozes? Em KPop Demon Hunters, essa ideia ganha vida de um jeito que só os fãs de anime e K-pop poderiam sonhar. A cada geração, um trio de caçadoras talentosas protege a Coreia e o mundo, usando suas vozes para selar a barreira Honmoon entre os mundos. O grupo atual, Huntrix, é formado pela "criança problema" Mira, a ingênua americana Zoey e a líder Rumi, que esconde um segredo sombrio.
História e personagens: um toque de Buffy com pitadas de absurdo
Escrita por Maggie Kang, que também co-dirige com Chris Applehans, a trama lembra o estilo de Buffy, a Caça-Vampiros, mas com uma vibe cartunesca e exagerada. Enquanto o gerente Bobby vive alheio às responsabilidades do grupo, a ex-caçadora e idol Celine orienta as meninas na missão de destruir todos os demônios. Do outro lado, os vilões — humanos caídos em desespero e controlados pelo rei demônio Gwi-Ma — formam seu próprio grupo de K-pop, os Saja Boys, para desafiar as caçadoras.
Animação e estilo visual: inovação e referências otaku
Depois dos sucessos Homem-Aranha no Aranhaverso e Os Mitchells vs. a Máquina, a Sony Pictures Animation continua na vanguarda do CGI. KPop Demon Hunters usa taxas de quadros variáveis e esquemas de cores hiperestilizados que lembram animes e desenhos ocidentais inspirados em anime dos anos 2000, como Totally Spies! e Teen Titans. As expressões cômicas das personagens são um show à parte — prepare-se para muitos gifs das reações da Zoey ao ver os Saja Boys pela primeira vez!
Entre música, ação e drama: onde o filme acerta e escorrega
A primeira meia hora do filme é pura diversão pop, com sequências de batalha e música que deixam qualquer fã animado. Porém, quando o filme se torna mais sério, o ritmo cai um pouco. O arco de autoaceitação da Rumi se mistura bem com o espetáculo musical, mas o meio do filme fica arrastado, especialmente por causa do tom mais sombrio que não é totalmente explorado devido à classificação familiar. A tensão romântica entre Rumi e Jinu, líder dos Saja Boys, não convence tanto, e a música "Free", que deveria ser o ápice emocional, acaba destoando do estilo K-pop vibrante do resto do filme.
Um ponto engraçado é a brincadeira com fãs que "shipam" Rumi e Jinu, trazendo leveza para o romance. No entanto, eu teria preferido ver mais desenvolvimento das outras caçadoras, Mira e Zoey, que são personagens fortes e carismáticas, com potencial para protagonizar seus próprios filmes.
Vale a pena assistir?
Não entendo por que a Sony escolheu lançar KPop Demon Hunters direto na Netflix, já que esse filme merece a maior tela e o som mais alto possível. Mesmo assistindo em casa, é um entretenimento energético, estiloso e divertido, perfeito para fãs de música e ação. A trilha sonora é tão boa que já estou viciado e vou ouvir várias vezes.
Nota geral: B+
História: B
Animação: A
Arte: A
Música: A-
+ Sequências de batalha e shows hilárias e visualmente incríveis
− Romance e drama ocupam tempo demais no meio do filme
− Mira e Zoey mereciam mais destaque
Referências culturais e easter eggs para fãs hardcore
Um dos pontos mais divertidos de KPop Demon Hunters é como ele brinca com referências tanto do universo K-pop quanto do anime clássico. Por exemplo, a coreografia das batalhas lembra muito os passos sincronizados de grupos reais como BTS e BLACKPINK, mas com um toque sobrenatural que só um anime poderia entregar. Além disso, fãs atentos vão notar homenagens visuais a animes como Neon Genesis Evangelion e Kill la Kill, especialmente nas cenas em que as caçadoras ativam seus poderes.
Outro easter egg legal é a aparição rápida de um personagem que claramente é uma paródia de um ícone do K-pop, com roupas extravagantes e um jeito meio exagerado de se portar — um aceno divertido para quem acompanha a indústria de perto. Essas pequenas sacadas tornam o filme um prato cheio para quem gosta de caçar detalhes e teorizar sobre conexões.
Trilha sonora: o coração pulsante do filme
Não dá para falar de KPop Demon Hunters sem destacar a trilha sonora, que é praticamente um personagem à parte. As músicas originais foram compostas por uma equipe que inclui produtores de K-pop renomados, garantindo autenticidade e qualidade. Faixas como "Burning Lights" e "Shadow Dance" combinam batidas eletrônicas com vocais poderosos, criando um clima que varia entre a euforia dos shows e a tensão das batalhas.
Além disso, o filme usa as músicas para desenvolver a narrativa, algo que lembra musicais clássicos, mas com uma pegada moderna e cheia de energia. A alternância entre cenas de ação e performances musicais é feita de forma fluida, mantendo o espectador sempre ligado. Para quem gosta de playlists temáticas, vale a pena montar uma com as faixas do filme para entrar no clima mesmo depois dos créditos.
Personagens secundários que merecem mais atenção
Enquanto Mira, Zoey e Rumi são o foco principal, o filme apresenta outros personagens que poderiam render histórias interessantes. O gerente Bobby, por exemplo, é um alívio cômico que traz um olhar mais humano e despretensioso para o grupo, mas sua história pessoal fica meio de lado. Já Celine, a ex-caçadora, tem um passado misterioso que poderia ser explorado em spin-offs ou séries derivadas.
Do lado dos vilões, os Saja Boys são mais do que antagonistas genéricos — cada um tem motivações e conflitos internos que poderiam render episódios extras ou até um anime focado neles. A dinâmica entre eles e as caçadoras cria um equilíbrio interessante entre rivalidade e respeito, algo que fãs de shonen vão reconhecer e apreciar.
Impacto e potencial para futuras produções
O lançamento de KPop Demon Hunters abre portas para uma nova forma de contar histórias que misturam música pop e fantasia urbana. A recepção do público, especialmente entre jovens fãs de K-pop e anime, indica que há espaço para mais projetos nesse estilo híbrido. Imagina só uma série de TV ou até um jogo baseado nesse universo, com mais desenvolvimento dos personagens e das batalhas musicais?
Além disso, o filme pode inspirar outras produções a explorarem a cultura coreana de maneira criativa, indo além dos clichês e mostrando a riqueza do K-pop como fenômeno global. Para os fãs, é um convite para ficar de olho nas novidades e apoiar conteúdos que valorizem essa mistura cultural tão vibrante.
Com informações do: Anime News Network