MangaDex anuncia parceria com NamiComi após onda de remoções
A plataforma de mangás MangaDex anunciou em seu site oficial que a NamiComi assumirá a gestão do site após aproximadamente 7.000 títulos terem sido alvo de solicitações de remoção por violação de direitos autorais (DMCA).
Em comunicado, a equipe do MangaDex afirmou: "A NamiComi aceitou assumir a gestão do site e seu domínio; nenhuma transação foi realizada". Apesar do impacto significativo das remoções, o site garantiu que não planeja encerrar suas atividades.
O que está por trás dessa mudança?
O fechamento recente de vários sites agregadores de mangás levou a um aumento no tráfego para o MangaDex, resultando em um crescimento acentuado nas solicitações de remoção de conteúdo. A plataforma explicou que o volume de notificações excedeu sua capacidade de gerenciamento independente.
"O número de solicitações de remoção aumentou a tal ponto que não podemos mais lidar com isso sozinhos. A NamiComi possui a estrutura legal necessária para garantir a sustentabilidade de longo prazo do MangaDex", afirmaram.
Os títulos removidos dificilmente retornarão ao site, pois o MangaDex afirmou em seu FAQ que cumprirá integralmente as solicitações DMCA. Entre os conteúdos afetados estão obras populares compartilhadas por grupos de scanlation.
Reações e contexto
Alguns fãs questionaram a relação entre as duas plataformas, sugerindo que os administradores poderiam estar buscando alavancar a popularidade do MangaDex para impulsionar a NamiComi - uma plataforma que hospeda webtoons e mangás autopublicados.
Esta não é a primeira vez que um site de compartilhamento de mangás migra para um modelo mais legitimado. Em 2020, o Manga Rock encerrou suas atividades e lançou o INKR.
Dados do Lumen Database mostram que o MangaDex recebeu notificações quase diariamente em maio de 2025, com mais de 100 solicitações registradas em apenas dois dias. Entre os editores envolvidos estão nomes importantes como Kodansha, Square Enix, Shogakukan e Webtoons.
Vale lembrar que o MangaDex opera como uma plataforma sem fins lucrativos que hospeda "scanlations" - capítulos de mangá traduzidos e editados por fãs. Para muitos leitores internacionais, tem sido a principal forma de acessar títulos não licenciados oficialmente em suas regiões.
Segundo dados do Similarweb, o site recebeu impressionantes 68,8 milhões de visitas apenas no último mês, demonstrando seu alcance global entre os fãs de mangá.
Impacto nos grupos de scanlation e na comunidade
A onda de remoções está causando um efeito cascata nos grupos de scanlation que dependiam do MangaDex como principal plataforma de distribuição. Muitos tradutores amadores estão migrando para fóruns privados e plataformas alternativas, enquanto outros anunciaram pausas indefinidas em seus projetos.
"Perdemos meses de trabalho em uma semana. Algumas das nossas traduções de séries obscuras tinham mais de 5 anos no ar", relatou um membro anônimo de um grupo de scanlation ao Central Otaku. Essas equipes muitas vezes investem horas de trabalho voluntário para disponibilizar conteúdos que nunca receberam licenciamento oficial no Ocidente.
O futuro do acesso global a mangás
Especialistas apontam que este caso reflete uma tensão crescente no ecossistema de mangás digitais:
Editoras japonesas estão intensificando esforços contra pirataria
O mercado internacional ainda tem lacunas de licenciamento
Fãs em países com menos acesso reclamam de preços proibitivos e atrasos
Alguns usuários destacam a ironia da situação: "As editoras reclamam da pirataria, mas quando tentamos comprar legalmente, os mangás nem estão disponíveis em nossa língua ou região", comentou um leitor brasileiro no fórum do site.
Enquanto isso, a NamiComi vem expandindo seu catálogo de webtoons originais e parcerias com criadores independentes. A plataforma oferece um modelo de monetização por capítulo e assinatura, mas ainda não anunciou planos concretos para integrar o acervo do MangaDex.
Alternativas que estão ganhando espaço
Com a instabilidade no MangaDex, várias alternativas começaram a surgir:
Plataformas descentralizadas: Alguns grupos estão experimentando com IPFS e redes blockchain para hospedar conteúdo
Serviços de assinatura regionais: Como o Manga Plus da Shueisha em parceria com editoras locais
Comunidades fechadas: Discords e fóruns privados com acesso restrito a membros antigos
O caso do MangaDex reacendeu debates antigos sobre modelos de distribuição. Enquanto alguns defendem que as editoras deveriam oferecer opções mais acessíveis globalmente, outros argumentam que o trabalho de scanlation sempre prejudicou os artistas e editores originais.
Dados da Associação de Editores de Mangá do Japão mostram que as perdas anuais com pirataria ultrapassaram ¥900 bilhões em 2024, um aumento de 23% em relação ao ano anterior. Esse cenário tem pressionado as empresas a adotarem medidas mais duras contra plataformas não oficiais.
Com informações do: Anime Hunch