Você já sentiu aquele frio na espinha só de imaginar uma história que mistura horror e drama emocional? É exatamente essa vibe que o novo anime The Summer Hikaru Died promete entregar neste verão. Baseado no mangá best-seller de Mokumokuren, com mais de três milhões de cópias vendidas e até indicação ao Eisner, a série chega com a responsabilidade de traduzir toda essa atmosfera para a tela.

Um olhar do diretor: o que chamou atenção no mangá?
Ryohei Takeshita, conhecido por Jellyfish Can't Swim in the Night, é o responsável pela direção e roteiro do anime. Ele conta que o que mais o atraiu foi a forma única e fresca de expressão do mangá, especialmente o uso dos efeitos sonoros e a composição de cada quadro, que soam super modernos e originais.
“Sempre quis encarar o desafio do gênero horror”, revela Takeshita. Apesar de já ter trabalhado em um episódio com temática de terror em Flip Flappers, essa é sua primeira direção completa no gênero. Ele sentiu que o horror combina com seu estilo e está animado para essa estreia.
Capturando o terror sutil: como o horror foi adaptado?
O diretor destaca que o terror da obra não é baseado em sustos fáceis, mas sim em uma sensação constante de inquietação, um silêncio estranho e uma atmosfera pesada. “Esse clima precisava ser recriado na animação, indo além do que o mangá já entrega”, explica.
Imersão no cenário rural: visitas e detalhes reais
Para dar vida ao ambiente da história, Takeshita fez várias viagens à prefeitura de Mie, local que inspirou o cenário do mangá. Ele passou noites sozinho e depois com a equipe, capturando fotos e vídeos para garantir uma ambientação realista.
Detalhes como garrafas plásticas presas em cercas, carros enferrujados abandonados e placas antigas foram cuidadosamente incorporados para transmitir a sensação de um lugar rural autêntico, algo que não se vê na cidade.

A animação "Dorodoro" e a fidelidade ao estilo do mangá
Um dos elementos mais marcantes do mangá é o efeito visual chamado “Dorodoro”, que representa uma textura viscosa e suja. Takeshita e o animador Masanobu Hiraoka decidiram desenhar tudo à mão para manter a autenticidade, criando até um cargo especial de “Animador Dorodoro” dentro da equipe.
“No começo pensei: ‘Será que isso é possível?’ (risos). Mas confiei no Hiraoka-san e seguimos em frente, encarando o desafio de frente”, conta o diretor.
O papel dos efeitos sonoros na construção do clima
Os efeitos sonoros são essenciais para o mangá e também para o anime. Takeshita pediu para a equipe criar sons “inorgânicos” para representar Hikaru, que é um ser “sem alma”.
Ao invés de apostar em uma trilha musical tradicional, o diretor optou por focar nos efeitos sonoros e pausas, como em filmes japoneses de live-action, para intensificar a atmosfera de horror sutil e silencioso.
Elenco e química entre os protagonistas
Chiaki Kobayashi dá voz a Yoshiki, o introvertido, enquanto Shūichirō Umeda interpreta Hikaru, seu amigo que muda após desaparecer. Takeshita destaca a paixão e versatilidade dos atores, que conseguiram transmitir a complexa relação entre os personagens.
“Vi os dois andando juntos depois de uma gravação e pensei: ‘Eles realmente se dão bem’. Isso confirmou que escolhemos o elenco certo.”

Roteiro e ritmo: o desafio da composição da série
Além de dirigir, Takeshita é responsável pelo roteiro da série. Ele explica que o foco principal é o ritmo das cenas, planejando a duração de cada plano para garantir um fluxo emocional suave e evitar que o público se entedie.
“Consistência e lógica são importantes, mas o que mais me preocupo é com a emoção que a animação transmite”, comenta.
Sequências de destaque e pressão da estreia
O diretor se orgulha especialmente da animação do “Dorodoro” e da primeira aparição do personagem Tanaka, que combina uma cena de coral com uma ação intensa. Também destaca a importância do episódio 1, que define o tom para toda a série.
Sobre a pressão, Takeshita admite que sente o peso das expectativas, mas acredita que seu comprometimento e reflexão profunda sobre o trabalho são o que o fazem seguir em frente.

Influências e referências no horror
Entre os filmes de terror que marcaram o diretor, Aliens (1986), de James Cameron, é o que mais o impressionou. Ele destaca como o filme vai além do horror simples, manipulando a psicologia humana com medo do invisível e do desconhecido.
Mensagem para os fãs e expectativas para o anime
Takeshita reconhece a alta expectativa dos fãs do mangá e garante que toda a equipe está dando o máximo para superar o original. Ele acredita que o anime merece ser visto pelo mundo e convida todos a aguardarem ansiosos.
O Anime Expo sediará a estreia norte-americana de The Summer Hikaru Died em 4 de julho, com a presença especial de Mokumokuren, Chiaki Kobayashi, Manami Kabashima e Chiaki Kurakane. O mangaká Mokumokuren será convidado de honra e participará do painel Yen Press Presents: A Discussion with Mokumokuren—Creator of The Summer Hikaru Died no mesmo dia. A série estará disponível no Netflix a partir de 5 de julho.
Divulgação: Kadokawa World Entertainment (KWE), subsidiária da Kadokawa Corporation, é a maior acionista da Anime News Network, LLC. Uma ou mais empresas mencionadas neste artigo fazem parte do Grupo Kadokawa.
Desafios técnicos e artísticos na produção
Além da direção e roteiro, Takeshita também comentou sobre os desafios técnicos enfrentados pela equipe de animação. A complexidade do estilo "Dorodoro" exigiu um equilíbrio delicado entre a fluidez dos movimentos e a preservação da textura viscosa que caracteriza o mangá. "Não podíamos simplesmente usar efeitos digitais para facilitar, porque perderíamos a alma da obra", explica.
Para isso, a equipe desenvolveu técnicas híbridas, combinando animação tradicional com retoques digitais mínimos, garantindo que cada quadro tivesse a sensação de estar vivo e, ao mesmo tempo, desconfortavelmente sujo, como o próprio título sugere.
O papel da cor e iluminação na atmosfera
Outro ponto que Takeshita enfatizou foi o uso cuidadoso da paleta de cores e da iluminação para reforçar o clima de tensão e melancolia. "Optamos por tons mais frios e sombrios, com poucos momentos de luz intensa, para que o espectador sinta o peso do ambiente rural e o isolamento dos personagens".
Em algumas cenas, a iluminação quase monocromática cria um contraste que destaca a presença inquietante de Hikaru, especialmente após sua transformação, reforçando o sentimento de estranhamento e medo silencioso.
Interação com o público e feedback durante a produção
Curiosamente, Takeshita revelou que a equipe manteve um canal aberto com fãs do mangá durante a produção, buscando entender quais elementos eram mais queridos e quais poderiam ser adaptados para o formato animado sem perder a essência.
"Recebemos muitos comentários e até sugestões, o que nos ajudou a ajustar o ritmo e a intensidade das cenas. Foi uma experiência enriquecedora, porque nos aproximou do público e nos fez lembrar que estamos contando uma história que já é amada por muitos".
Explorando temas profundos por trás do horror
Mais do que sustos, The Summer Hikaru Died mergulha em temas como perda, amizade e a fragilidade da mente humana diante do desconhecido. Takeshita destaca que o horror serve como uma metáfora para esses sentimentos, criando uma narrativa que ressoa emocionalmente.
"O desaparecimento de Hikaru e as mudanças em Yoshiki refletem o medo da mudança e da solidão, algo que muitos de nós já sentimos em algum momento. O terror é apenas a superfície para uma história muito mais profunda".
Expectativas para o impacto cultural do anime
Com a estreia marcada para o verão, a equipe espera que o anime não apenas conquiste fãs de horror, mas também atraia aqueles que buscam histórias com camadas emocionais complexas. Takeshita acredita que a série pode abrir portas para um novo olhar sobre o gênero no Japão e internacionalmente.
"Queremos que as pessoas saiam da experiência com uma sensação de inquietação, mas também com algo para refletir. É um tipo de horror que fica com você, mesmo depois dos créditos finais".
Curiosidades sobre a produção e equipe
O animador Masanobu Hiraoka, responsável pelo estilo "Dorodoro", já trabalhou em projetos experimentais, o que facilitou a adaptação do visual único do mangá.
As viagens à prefeitura de Mie não foram apenas para capturar imagens, mas também para sentir o ambiente, com a equipe passando noites em casas locais para absorver a atmosfera.
O elenco de voz participou de sessões de gravação em ambientes silenciosos para captar melhor a sensação de isolamento e tensão presentes na história.
O design sonoro incluiu a criação de sons personalizados para representar a presença de Hikaru, utilizando objetos do cotidiano gravados e manipulados digitalmente.
Reação da comunidade otaku e primeiras impressões
Antes mesmo da estreia, trailers e teasers de The Summer Hikaru Died já geraram debates acalorados nas redes sociais e fóruns especializados. Muitos fãs elogiam a fidelidade ao mangá e a ousadia na abordagem do horror psicológico.
Alguns destacam a coragem da equipe em apostar em um estilo visual tão diferente do padrão, enquanto outros comentam sobre a expectativa em relação à trilha sonora minimalista e o uso dos efeitos sonoros.
O que esperar dos próximos episódios?
Embora o episódio 1 já tenha estabelecido um tom forte, Takeshita promete que a série vai aprofundar ainda mais os mistérios e a complexidade dos personagens. "Cada episódio é pensado para revelar camadas novas, mantendo o espectador preso e curioso".
Ele também menciona que haverá momentos de alívio cômico sutis, para balancear a tensão e humanizar ainda mais os protagonistas, algo que ele considera essencial para manter o equilíbrio emocional da narrativa.

Com informações do: Anime News Network