Você já parou para pensar como é o lado oculto do K-Pop? Recentemente, uma coreógrafa top revelou que, mesmo tendo criado uma das danças mais icônicas do gênero, nunca recebeu o que realmente merecia por causa da estrutura da indústria.
Quem é Bae Yoon Jung?
A coreógrafa em questão é Bae Yoon Jung, um dos maiores nomes da segunda geração do K-Pop. Ela trabalhou com grupos como KARA e Brown Eyed Girls, além de ser conhecida como coach de coreografia e jurada do programa Produce 101.

Bae Yoon Jung | Namu Wiki
Histórias não contadas e a dura realidade
Bae participou recentemente do programa no YouTube chamado B-Class Hearing, onde compartilhou histórias inéditas de sua longa carreira na indústria.

Bae Yoo Jung no programa
Durante a conversa sobre seus trabalhos passados, Bae foi questionada se o sucesso de "Abracadabra", do Brown Eyed Girls, se devia à música ou à coreografia. Ela respondeu com confiança que foi sua coreografia que impulsionou a popularidade da música. Porém, revelou que nunca recebeu o crédito ou a compensação adequada pela criação da rotina.
Bae contou que, na época, alguém na China alegou ter criado os passos principais de "Abracadabra" e faturou bilhões de won se passando pelo coreógrafo principal da música.

Ela explicou que, naquela época, a indústria do K-Pop não pagava os coreógrafos proporcionalmente, mesmo com a influência que eles tinham.
Hoje em dia, os coreógrafos recebem muito pelo seu trabalho, mas na nossa época, como você sabe, se você era próximo do CEO da empresa, podia coreografar algo facilmente — mas não ganhava muito dinheiro com isso.
— Bae Yoon Jung
Bae revelou que recebeu cerca de ₩4.00 milhões KRW (aproximadamente US$ 2.890) pela criação da coreografia de "Abracadabra", que se tornou um enorme sucesso. Enquanto isso, a letrista Kim Eana e a empresa do Brown Eyed Girls dividiram os lucros, que chegaram a ₩10.0 bilhões KRW (cerca de US$ 7,23 milhões).

O legado e a luta por reconhecimento
O legado de Bae Yoon Jung no K-Pop é incontestável, sendo a criadora de rotinas icônicas como "Up & Down" do EXID, "Mamma Mia" do KARA, "Expect" do Girls' Day e muitas outras. Apesar dessa influência, o fato de ela ter que lutar para garantir seu lugar na mesa só reforça uma realidade chocante da estrutura antiga da indústria do K-Pop.
Fonte: Nate News
Como a indústria mudou (ou não) para os coreógrafos?
Embora Bae Yoon Jung tenha destacado que hoje os coreógrafos recebem mais reconhecimento e remuneração, a realidade ainda é complexa. Muitos profissionais ainda enfrentam dificuldades para garantir direitos autorais e uma fatia justa dos lucros, especialmente os que não têm conexões fortes dentro das grandes agências.
Por exemplo, coreógrafos independentes ou freelancers muitas vezes trabalham em condições precárias, sem contratos claros ou garantias de pagamento. Isso acaba criando um cenário onde o talento pode até ser reconhecido, mas a estabilidade financeira e o respeito profissional ficam em segundo plano.
Além disso, a questão do plágio e da apropriação de coreografias é um problema recorrente. Como Bae mencionou, houve casos em que passos criados por ela foram revendidos ou creditados a outras pessoas, especialmente em mercados internacionais, como na China. Isso levanta uma discussão importante sobre a proteção da propriedade intelectual no K-Pop e na indústria do entretenimento em geral.
Exemplos de coreógrafos que também enfrentaram desafios
Não é só Bae Yoon Jung que passou por isso. Outros nomes famosos da indústria já falaram abertamente sobre as dificuldades de serem valorizados. Um caso notório é o de Son Sung Deuk, coreógrafo de grupos como BTS e EXO, que também comentou sobre a falta de reconhecimento inicial e a luta para garantir direitos autorais sobre suas criações.
Outro exemplo é Keone Madrid, coreógrafo americano que trabalhou com artistas de K-Pop e ocidentais, que já relatou como a indústria coreana pode ser rígida e burocrática, dificultando o trabalho de estrangeiros e a negociação justa de contratos.
Esses relatos mostram que, apesar do brilho e glamour que vemos nos palcos, por trás das câmeras existe uma batalha constante para que os criadores sejam devidamente reconhecidos e recompensados.
O impacto das coreografias no sucesso dos grupos
Se você já tentou aprender uma coreografia de K-Pop, sabe o quanto ela é fundamental para o sucesso de uma música. Passos marcantes, sincronização perfeita e movimentos que viram memes ou tendências virais são parte do que torna um grupo inesquecível.
Por isso, o trabalho dos coreógrafos é tão essencial. Eles não só criam a dança, mas ajudam a construir a identidade visual e a conexão emocional entre o grupo e os fãs. A coreografia de "Abracadabra", por exemplo, não é só um conjunto de passos; é um símbolo cultural que marcou uma geração.
Além disso, as coreografias influenciam diretamente a popularidade dos grupos em shows, programas de variedades e redes sociais. Um passo viral pode impulsionar streams, vendas e até mesmo a internacionalização do grupo.
O que fãs e a indústria podem aprender?
Para nós, fãs, entender essa realidade traz uma nova perspectiva sobre o que vemos nos palcos. Não é só talento dos idols, mas também o esforço invisível de profissionais como Bae Yoon Jung que fazem tudo acontecer.
Já para a indústria, fica o desafio de continuar evoluindo e criando mecanismos que valorizem todos os envolvidos, garantindo transparência, justiça e reconhecimento para os coreógrafos e demais criadores.
Enquanto isso, fica o convite para que a gente preste mais atenção nos créditos das músicas e coreografias, e apoie esses profissionais incríveis que muitas vezes ficam na sombra, mas são a alma do K-Pop.
Fonte adicional: Koreaboo - Coreógrafos do K-Pop e seus desafios
Com informações do: Koreaboo