Tamagotchi e outros clássicos são imortalizados no Hall da Fama

O The Strong National Museum of Play anunciou sua lista de jogos que serão incluídos no Video Game Hall of Fame em 2025, e entre os escolhidos está o icônico Tamagotchi, o bichinho virtual que conquistou gerações nos anos 90. Junto dele, outros três títulos que marcaram época: Defender (1981), Goldeneye 007 (1997) e Quake (1996).

O impacto cultural do Tamagotchi

Lançado em 1996 pela Bandai, o Tamagotchi foi muito mais que um simples joguinho - foi um fenômeno social que introduziu o conceito de "pet virtual" no mainstream. Quem viveu aquela época lembra bem da febre: crianças e adultos carregando seus dispositivos ovais pendurados no pescoço, alimentando e limpando seus bichinhos digitais a cada poucas horas.

O que muitos não sabem é que o Tamagotchi foi criado por Aki Maita, uma mulher na indústria de games dominada por homens na época. Seu sucesso abriu caminho para outros jogos de simulação e ajudou a popularizar a ideia de jogos portáteis além dos Game Boys da vida.

Os outros homenageados

  • Defender (1981): Um dos arcades mais desafiadores de todos os tempos, que praticamente definiu o gênero shoot 'em up.

  • Goldeneye 007 (1997): O jogo da Rare que provou que jogos de tiro em primeira pessoa poderiam funcionar - e brilhar - em consoles.

  • Quake (1996): O título da id Software que revolucionou os gráficos 3D e os jogos multiplayer online.

O museu seleciona os jogos baseando-se em critérios como impacto cultural, longevidade e influência no mercado. E embora possa parecer estranho ver o Tamagotchi - tecnicamente um brinquedo eletrônico - sendo homenageado ao lado desses gigantes dos videogames, seu impacto na cultura pop e na indústria é inegável.

Para quem quiser saber mais sobre o Hall da Fama, visite o site oficial do museu. E você, lembra de ter um Tamagotchi? Quantos "morreram" sob seu cuidado?

O legado duradouro do Tamagotchi na era digital

Vinte e cinco anos depois, o conceito do Tamagotchi parece mais relevante do que nunca. Num mundo obcecado por apps de bem-estar como Headspace e Duolingo, o bichinho virtual foi pioneiro em ensinar responsabilidade através da gamificação. Psicólogos infantis chegaram a estudar seu efeito no desenvolvimento de crianças, com alguns argumentando que era uma introdução mais segura aos cuidados com animais de estimação do que presentear um cachorro de verdade.

Curiosamente, a mecânica implacável do Tamagotchi - onde negligência resultava na morte digital do pet - causou controvérsia na época. Algumas escolas chegaram a banir os dispositivos, enquanto pais reclamavam que as crianças acordavam no meio da noite para alimentar seus bichinhos virtuais. Essa "crueldade programada" foi, na verdade, um golpe de gênio de design que criou um vínculo emocional único entre jogador e pixel.

Reinvenções e nostalgia

A Bandai não deixou o conceito morrer. Nos últimos anos, vimos:

  • Versões premium com telas coloridas e Bluetooth

  • Um app oficial que recria a experiência original

  • Edições especiais colaborando com franquias como Pokémon e Evangelion

  • Até mesmo Tamagotchis "adultos" com recursos para donos ocupados

E o fenômeno não se limitou ao Japão. No Brasil, os "bichinhos virtuais" viraram febre nos anos 90, com versões piratas vendidas em camelôs por todo o país. Algumas dessas cópias tinham peculiaridades locais - quem se lembra dos modelos que "viravam futebolistas" quando bem cuidados?

Por que esses jogos específicos foram escolhidos?

Analisando os critérios do Hall da Fama, cada um dos homenageados de 2025 representa um marco evolutivo:

Defender trouxe pela primeira vez um mapa de radar e mecânicas de resgate que iam além do simples "atire em tudo". Seu nível de dificuldade brutal - que hoje seria considerado "injusto" - definiu toda uma geração de arcades.

Goldeneye 007 fez algo impensável: transformou um jogo licenciado de filme em uma obra-prima por mérito próprio. Seu modo multiplayer split-screen virou lenda nos dormitórios universitários, enquanto o sistema de mira com controle analógico estabeleceu padrões que os jogos de console seguem até hoje.

E Quake? Além de introduzir modelos 3D verdadeiros e física realista, seu motor gráfico tornou-se base para dezenas de outros jogos. Foi também um dos primeiros a popularizar mods e skins personalizadas, dando início à cultura de modificação que hoje impulsiona títulos como Minecraft e Roblox.

O que esses quatro títulos têm em comum, além de sua excelência? Cada um representou um ponto de inflexão onde os games deixaram de ser meros passatempos para se tornarem experiências culturais compartilhadas. E no caso do Tamagotchi, provou que até os conceitos mais simples podem ressoar profundamente quando combinam tecnologia com emoção humana.

Falando em emoção, vale lembrar como a morte do Tamagotchi gerava luto real entre os donos. Algumas crianças realizavam funerais improvisados, enquanto outras simplesmente resetavam o dispositivo e começavam de novo - talvez nossa primeira lição sobre a fugacidade da vida digital.

Com informações do: Anime News Network